30 de janeiro de 2006

Propósitos...

Nos últimos dias, a palavra propósito virou mania, pelo menos entre evangélicos. Livros que tratam de propósitos para a Igreja e para indivíduos superam as vendas de qualquer outro tema. E não é de se admirar, uma vez que o individualismo de nossos dias estimula a procura de respostas para as questões de sucesso, realização e satisfação de se ter cumprido sua missão. Aquele que tem dificuldade em identificar o propósito que motiva o investimento de recursos, tempo, vida e dinheiro se sentirá desestimulado. O individualismo fica de tal modo em evidência que, na falta de um propósito claro e cativante, torna-se difícil se envolver ou dar sua cooperação. Quem quer perder tempo e esforço sem um objetivo que o atraia? A Bíblia estimula fortemente a identificação e a escolha de propósitos em sintonia com o plano de Deus. Ela não deixa dúvidas no fato de que tudo que Deus faz tem algum propósito, mesmo quando não podemos discernir qual é. Considere esta frase: “(ele) faz todas as coisas segundo o propósito de sua vontade” (Efésios 1:11 – NVI). Em Romanos 8:28, Paulo acrescenta que “sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito” (NVI). Ficamos tranqüilos em afirmar que o cristão deve reconhecer que o propósito central de sua vida é alinhar-se com o propósito de Deus. Muitos cristãos, porém, nunca param para indagar qual é o propósito fundamental de Deus nem questionar qual seria o Seu plano para cada indivíduo. Felizmente, as Escrituras revelam sem titubear qual foi o plano de Deus traçado antes da fundação do mundo. Seu propósito foi o de criar um universo, um mundo em que seres humanos pudessem livremente nascer, crescer e alegremente adorar o seu Criador. Segundo o Catecismo Abreviado de Westminster, “a finalidade do homem é glorificar a Deus e gozar dEle para sempre”. Quando o homem caiu por causa da desobediência, desviou-se do propósito original de glorificar a Deus e procurou um propósito distinto que o satisfizesse. O resultado foi evidente no decorrer da História e, acentuadamente, no mundo moderno. É notória a luta para se possuir dinheiro, bens materiais e valores, bem como a busca desenfreada pelo sexo prazeroso e poder. Todos os prazeres possíveis parecem alvos legítimos para os que não têm seu principal prazer em Deus. Mark Twain, autor de livros, escreveu em sua autobiografia um desabafo: “Os homens xingam, brigam e competem pelas pequenas e rudes vantagens um sobre o outro. A velhice vem chegando, trazendo fraqueza e enfermidades. A vergonha e humilhação seguem, e a carga pesada de dor, preocupação, humilhação vem atrás. Aqueles que os amam são tirados deles, deixando a solidão, a decepção e a amargura. O único presente não envenenado que o mundo os concede finalmente chega e eles desaparecem da terra, onde não passaram de um erro, uma falha e uma tolice. Não deixaram nenhum sinal de ter existido. Partiram dum mundo onde serão lamentados por um dia e esquecidos para sempre. Assim é a vida sem propósito que não se sintoniza com o propósito de Deus. Deus revelou graciosamente Seu propósito ao criar homens e mulheres à Sua imagem e semelhança. Primeiro, Deus quis que Suas criaturas reconhecessem Sua autoridade amorosa. Deveriam honrá-lO, glorificando-O e louvando o Seu santo nome. Ordenou que todos O amassem de todo o coração, mente, força e alma.” Segundo, Deus concedeu liberdade incrível ao homem para desenvolver sua inteligência e criatividade, e usar a matéria-prima que Deus criara. Forneceu tudo o que fosse necessário para Suas criaturas se alimentarem, buscarem conforto, beleza e realização. Terceiro, passou para os habitantes da Terra o conceito de organização, de ordem, de progresso e governo, bem como de cooperação para alcançar o bem maior de todos. Quarto, Deus revelou Sua lei moral, implantando-a na consciência e escrevendo-a nas Tábuas da Lei guardadas na Bíblia. O conceito de justiça, do bem e do mal, do dever, de responsabilidade cabe todo dentro do propósito de Deus. Em todas essas áreas e muitas outras, Deus torna patente o Seu propósito. Mais importante ainda é saber que ser chamado segundo o Seu propósito quer dizer que Deus planejou um único meio pelo qual os chamados pudessem gozar da companhia dEle eternamente. O propósito central da revelação da Bíblia aponta nessa mesma direção. Sucintamente, Jesus falou deste propósito na oração sacerdotal: “Esta é a vida eterna, que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste” (João 17:3 – NVI). Russel Sheed (EnfoqueGospel)

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